Por Rodrigo Tannuri
Finalmente, o escandaloso UFC 196 chegou! Mesmo com tantos atrativos, é uma pena que a segunda luta entre campeões da história da organização tenha sido cancelada. Por sorte, o substituto é até mais popular, fazendo crescer ainda mais o interesse do público. O Combate vai transmitir o evento às 20h deste sábado (05/03).
Conor McGregor x Nate Diaz
Se não tem Rafael dos Anjos, vai Nate Diaz mesmo. Infelizmente, a segunda luta entre campeões da história do UFC não rolou, mas, convenhamos, o substituto é um coringa e tanto. Sim, com um camp completo, a luta entre os agora meio-médios seria ainda mais louca, mas o bad boy não liga pra nada: “Não estou nem aí! Seria bom ter tido um camp completo, mas isso não quer dizer nada. Já perdi feio tendo treinado muito e já venci bonito sem fazer nada”. Novamente, Diaz tratou de minimizar o efeito McGregor: “Não há show de McGregor. Eu sou O cara! A grande luta! Todos sabem disso”. E se gabou: “Ninguém quer me enfrentar. Eu sou o único lutador real desse jogo!”. Mystic Mac também falou poucas e boas, mas preferi destacar seu lado zen: “Eu não odeio meus adversários, porque eles estão na mesma jornada. Todos temos o mesmo sonho. Isso tudo é negócio”, disse ao programa The Herd. À vontade, o irlandês revelou o que passa por sua cabeça ao ir lutar: “Me sinto livre, a pressão é zero. Não tenho ninguém dizendo o que posso fazer ou como fazer. Lutar é algo normal pra mim”. Pra ele, o segredo do sucesso é simples: “Não há jogos. O que faço é decifrar movimentos, reações e preparar armadilhas”. Mas, como não podia ser diferente, já sabe em quem mirar: “Dos Anjos é idiota. Ele se machucou e ainda reclama. Nem sei o que dizer pra esse cara. Lawler eu gosto e respeito como campeão, mas o venço também. Sou muito rápido pra ele”.
Holly Holm x Miesha Tate
Ao nocautear Ronda Rousey, Joe Rogan e o mundo se perguntaram: quem vai parar Holly Holm? Muitos dizem ninguém, mas pra Miesha Tate não é bem assim. A veterana perdeu o cinturão do Strikeforce pra Rowdy, lutou pelo cinturão do UFC, perdendo novamente pra inimiga, por isso está mais viva do que nunca com a mudança. Até elogiou a adversária e amiga ao MMA Junkie: “Holly foi fantástica! Ela provou que não é só uma das melhores strikers do mundo e sim uma das melhores lutadoras de MMA”. Mas também deu aquela cutucada: “Eu sou mais perigosa que Ronda, porque sou mais experiente e aguento levar socos. Posso vencer nocauteando, finalizando ou fazendo uma luta feia. Estilos fazem lutas”. E seguiu: “É óbvio que quero ver a revanche entre elas, mas sem cinturão, porque ele estará comigo”. Os holofotes não mudaram a campeã, que segue discreta, mas ela quer mais: “A pressão existe, porque não quero ser conhecida por aquela atuação apenas. Quero mostrar que sou capaz de dar outro show”. Ao MMA Fighting, Holmpunzel analisou a parceira de cena em Fight Valley e também elogiou: “Preciso estar focada, porque Miesha quer que eu erre pra me levar pra baixo. Ela é mental e fisicamente bem preparada. Seu ponto forte é a coragem e isso faz a luta ser complicada”. Será que veremos outra zebra na divisão?
Amanda Nunes x Valentina Shevchenko
A derrota pra Holy Holm, ainda mais da forma como foi, gerou algumas dúvidas: será que Ronda Rousey volta a lutar? Como será seu comportamento? Mesmo tendo sido brutalizada, muitos queriam que o UFC desse uma revanche imediata a ex-campeã dos galos femininos, mas, pra sorte dela, Miesha Tate foi premiada. Não é segredo que Rowdy tem o desejo de acertar as contas com o carrasco, mas, se bobear, pode ser ultrapassada pela vencedora de Amanda Nunes x Valentina Shevchenko. No UFC, a brasileira só perdeu pra Cat Zingano, porém perdeu quando não podia. Agora, ela voltou a ficar perto de ser desafiante, mas a oponente da vez, por mais que não seja tão completa quanto ela e a própria Zingano, venceu a experiente Sarah Kaufman logo na estreia e é muito experiente em esportes de combate (multicampeã no kickboxing). Muitos, inclusive, a comparar a Holy Holm. Amanda não foi apelidada Leoa à toa, mas é bom dosar a agressividade. Ela é forte e bem poderosa na trocação, mas deixar a luta em pé é correr um risco desnecessário. Por mais que Valentina tenha vencido cinco vezes por finalização, no chão, Amanda é superior. Recentemente, a baiana disse ao Combate.com que, se não fosse Holly Holm, seria ela que nocautearia Ronda Rousey. É bom Amanda mostrar serviço ou então ficará feio pra ela.
Jim Miller x Diego Sanchez
Se já achei injusto Rustam Khabilov x Norman Parke estar perdida no card preliminar do UFN 84, fiquei ainda mais revoltado ao ver Diego Sanchez x Jim Miller sendo a terceira luta do UFC 196. O que estão fazendo com os leves? Mesmo em má fase, eles são veteranos com muita história! Sanchez perdeu quatro das últimas sete lutas e, com juízes justos, teria perdido todas (assaltou Martin Kampmann, Takanori Gomi e Ross Pearson) e Miller foi derrotado três vezes nas últimas quatro lutas. Nem quando ganham conseguem ir bem. O tempo chega pra todos, é natural que estejam mais pra lá do que pra cá, mas ainda são bons nomes. O UFC fez uma desfeita a dois atletas que tanto lhe serviram. O homem do Yes! Yes! Yes!, vencedor do TUF 1, deixou de ser lutador pra ser brigador, mas, pelo menos, segue bem condicionado. Sem sucesso nos penas, voltou aos leves, sua casa. Miller está sofrendo com a nova safra, mas segue oportunista. Eles são grapplers que adoram trocar e não se entregam. É difícil saber quem tem mais vontade, por isso a certeza é de que darão um show!
Brasileirada em peso contra a má fase
Em uma semana, sete brasileiros lutaram no UFC e todos saíram derrotados. No UFC Fight Night 83, Alex Cowboy, Roan Jucão, Augusto Tanquinho, Daniel Sarafian e Leonardo Leleco não viram a cor da bola e, no UFC Fight Night 84, Anderson Silva (quem diria) e Thales Leites decepcionaram, ampliando o retrospecto negativo. Também não podemos esquecer da lesão de Rafael dos Anjos (irresponsabilidade) e da recusa de José Aldo em substituí-lo, após implorar pela revanche contra Conor McGregor. Agora, Amanda Nunes, Erick Silva, Vitor Miranda e Marcelo Guimarães entram em cena pra acabar com o tabu. Após mais um papelão diante de Neil magny, a eterna promessa dos meio-médios se juntou, sabiamente, a Rafael Cordeiro e seus blue caps pra encarar o disciplinado Nordine Taleb. Se não for agora, não será nunca mais! Tomara que o Índio do Amor melhore o gás, porque o oponente tem de sobra. Pela mesma categoria, os outros dois brasileiros se enfrentam com a certeza de que darão uma vitória ao país ou não, mas não descarto terminar empatada ou virar no-contest. Sei muito bem que o próprio Dos Anjos e Fabrício Werdum são campeões, ou seja, o cenário do MMA não é sombrio. No entanto, o momento a que me refiro é sim preocupante. Tomara que seja apenas uma fase, mas a verdade é que nada é por acaso.
Confiram as lutas do UFC 196:
CARD PRINCIPAL
Conor McGregor vs. Nate Diaz
Holly Holm vs. Miesha Tate
Gian Villante vs. Ilir Latifi
Corey Anderson vs. Tom Lawlor
Amanda Nunes vs. Valentina Shevchenko
CARD PRELIMINAR
Brandon Thatch vs. Siyar Bahadurzada
Erick Silva vs. Nordine Taleb
Vitor Miranda vs. Marcelo Guimarães
Darren Elkins vs. Chas Skelly
Diego Sanchez vs. Jim Miller
Justin Salas vs. Jason Saggo
Julian Erosa vs. Teruto Ishihara
